A iniciativa DNA Brasil surgiu através do investimento público brasileiro no programa Ciência sem Fronteiras (CsF). Por meio de palestras, cursos, desenvolvimento de ferramentas computacionais e cooperações internacionais, o projeto visa facilitar o aceso ao conhecimento da programação computacional, bem como da bioinformática, a estudantes do Brasil e outros países. Devido aos vieses genômico, forense e computacional da proposta, ela pode dialogar com áreas do conhecimento mais ligadas à identidade e cultura, como antropologia, linguística, história e psicologia, além de áreas exatas, como matemática, física, química e a própria programação.
A pandemia de COVID-19 iniciada em 2020 mostrou a necessidade do uso de plataformas digitais nos âmbitos acadêmico, corporativo e cultural. Foi discutida a adoção de sistemas remotos de interação em escolas, empresas e entre trabalhadores da indústria cultural, como música e teatro.
Num contexto em que a interação com computadores, celulares e outros dispositivos de comunicação permitem a adoção de uma quarentena “conectada”, é cada vez mais necessária a familiarização da sociedade em geral, com linguagens computacionais que permitam a execução de tarefas que possam trazer benefício coletivo. Assim, fica evidente que tarefas antes executadas apenas através de viagens a grandes centros urbanos nacionais e internacionais dotados de infraestrutura, agora podem ser também realizadas através de uma boa conexão à internet.
A fim de possibilitar a exposição inicialmente de estudantes brasileiros a uma plataforma de aprendizado de programação, visando a inovação científica, havíamos proposto um olhar para um dos maiores centros de inovação e desenvolvimento do mundo, o Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos. Na Universidade da Califórnia em Santa Cruz, foi terminada a publicação da primeira sequência do Genoma Humano, em 2001. No entanto, devido ao envolvimento do Programa de Estágio de Verão (Summer Internship Program), bem como do Instituto de Genômica, ambos da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, a iniciativa foi expandida para o ensino de programação básica também em espanhol, a fim de expor falantes desta língua, a princípios básicos da linguagem computacional. Desta forma, firmou-se o compromisso do ensino introdutório de programação com algum potencial integrador entre as línguas e regiões contempladas.
A fim de possibilitar a estudantes brasileiros o acesso a ensino de qualidade que permita aprendizado e consolidação do conhecimento, visando a inovação, propomos um olhar para um dos maiores centros de inovação e desenvolvimento do mundo, o Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos. Próximo ao Vale do Silício, na Universidade da Califórnia em Santa Cruz, foi terminada a publicação da primeira sequência do Genoma Humano, em 2001.
No tocante ao Projeto Genoma Humano, o pioneirismo da UCSC baseou-se nas características semicondutoras do elemento químico silício, presente nos chips de computadores, que dão nome à região e permitiu que o Genoma Humano fosse inicialmente explorado pela iniciativa pública. Embora o desenvolvimento advindo deste conhecimento possa hoje envolver indústrias farmacêuticas com receitas de milhões ou bilhões de dólares, propomos um olhar inicial para a simplicidade dos poucos dólares e os anos iniciais de estudo.
Assim, o ensino da programação computacional, com viés genômico, ilustra a aplicabilidade das ferramentas computacionais e tem potencial para implementar melhorias sociais não apenas na área da biologia, mas impactar o desenvolvimento de áreas afins como agricultura, bioquímica, psicologia e virologia, além das próprias educação e medicina. O objetivo então, é apoiar o ensino e desenvolvimento de estudantes nas áreas que apresentem afinidade à programação computacional.
Meu nome é Gepoliano Chaves, cresci na cidade de Teixeira de Freitas, Extremo Sul da Bahia, região do descobrimento do Brasil pelos Portugueses em 1500.
Apesar de ter nascido em Minas Gerais, devo considerar Teixeira na Bahia, minha terra natal, visto ter daí me mudado apenas aos 18 anos para cursar Bioquímica na Universidade Federal de Viçosa (MG), por influência de um professor de biologia da antiga EMARC-TF, hoje IF Baiano.
Por ser filho e neto mais velho, houve um momento em que achei ter um chamado a liderança e entendi em meu antigo sonho de estudar nos Estados Unidos da América, uma expressão desta vocação, visto o papel de liderança desempenhado por esta nação nos avanços científicos do mundo.
Assim, ao final da graduação na UFV, me inscrevi em um programa recém-implantado pelo Governo Federal, o Ciência sem Fronteiras. Depois de um exaustivo processo de seleção que envolvia a CAPES do Brasil, a LASPAU, uma organização filiada à prestigiada Universidade de Harvard e as universidades americanas em que apliquei, fui selecionado para cursar o Doutorado em Engenharia Biomolecular e Bioinformática, um programa da Universidade da Califórnia em Santa Cruz (UCSC) que em 2001, publicou a primeira versão da sequência do genoma humano, terminando o Projeto Genoma Humano e transformando a UCSC numa referência em estudos de genômica e biologia computacional em todo o planeta.
Na UCSC, uma universidade pública do Estado da Califórnia, é comumente comemorado o fato de o pioneirismo da universidade ter evitado que a exploração do Genoma Humano fosse feita apenas pela iniciativa privada. O Genome Browser da UCSC, ferramenta usada por pesquisadores da área, é um dos legados desta tradição à ciência.
Após a obtenção do título de doutor pelo Ciência sem Fronteiras na UCSC, iniciei pesquisa genômica em um pós-doc na Universidade de Chicago, no estado de Illinois, buscando entender a regulação epigenética do neuroblastoma, um câncer pediátrico. Ao mesmo tempo em que executo as pesquisas em neuroblastoma, faço parte do board médico da Fundação ARD, uma organização sediada nos EUA, porém liderada por brasileiros, que visa avanços nas pesquisas de enfrentamento ao câncer em todo o mundo.
A Fundação ARD formalizou uma doação financeira no final de 2020, para estimular o presente projeto no avanço do estabelecimento de um grupo de pesquisas computacionais entre pesquisadores da UFSB e da Universidade de Chicago. Uma lição que os arranha-céus da cidade de Chicago me ensinaram neste pouco tempo de residência, foi que nossos sonhos são o presságio de uma vocação mais alta e excelente, capaz de impactar positivamente vidas a sua volta. Esta é a motivação para retribuir aos povos do Brasil e dos EUA, que contribuíram para a concretização de muitos dos meus sonhos.
A genômica, que tem como marcos importantes o Projeto Genoma Humano e a publicação da Sequência do DNA humano, é uma ciência interdisciplinar que usa conceitos de informática, biologia e química para coletar, analisar e interpretar a informação presente no código genético de organismos humanos e não-humanos.
O fim da genômica humana é desenvolver tecnologias para melhorar a qualidade de vida do ser humano, ao passo que a genômica de animais e plantas trata do interesse em espécies comerciais e da conservação do meio ambiente. A genômica pode também ser aplicada ao estudo de doenças infecciosas como a causada por SARS-CoV-2. Esta pandemia (2020) possibilitou a popularização de termos como PCR e sequenciamento de DNA, técnicas de rotina na área da ciência genômica. PCR ou Reação em cadeia da Polimerase (do inglês Polimerase Chain Reaction) é uma técnica de biologia molecular fundamental a todas as tecnologias de sequenciamento de DNA, as quais requerem sólidos investimentos na área da pesquisa cientifica.